Patos, o rock que nos trouxe até aqui

 

Patos, o rock que nos trouxe até aqui

Narração

 

Bem observou Shakespeare, que há muito mais entre o céu e a terra, do que julga a nossa vã filosofia. Para além da nossa compreensão, existe um mistério que fez com que uma cidade no interior de Minas Gerais tenha se tornado a origem, o lar e o palco sagrado de grandes músicos do rock nacional contemporâneo, que produziram nessa terra fértil um sucesso que se espalhou regional, nacional e internacionalmente. Estamos falando de Patos de Minas, um verdadeiro relicário de arte musical, especialmente do rock, onde artistas mineiros vêm marcando a história com a música, há muito tempo.

Nossa cidade foi local oficial dos festivais: Pato rock festival, Chama cultural, Rock na praça, Rock na lagoa e Rock de garagem, que deixaram sua contribuição cultural e social à comunidade patense dos anos 80 em diante, numa cena rock que evoluiu para a identidade cultural que hoje é representada pelo Fenapraça, Pato Rock e Festival Marreco. Ah... esses eventos são demais! Mas é importante lembrar que a cena rock que conhecemos hoje é fruto de um trabalho que começou muito tempo atrás.

Ninguém cria, realmente, do zero. Com o que temos dentro de nós, vamos dando formas, sons, cores, sentidos diferentes às coisas que fazem parte da nossa existência, a fim de torná-la mais bonita – isso é arte! E, para tanto, somos sempre inspirados, influenciados, de alguma maneira, pelos que vieram antes de nós. Como se fossem gigantes a nos oferecer seus ombros como apoio para que possamos ir além de onde eles conseguiram chegar durante o seu tempo de passagem pelo lugar que, agora, nós ocupamos.

Era setembro de 1982, quando Patos sediou o primeiro show de uma banda que viria a ser um dos maiores sucessos do rock nacional brasileiro – a inesquecível Legião Urbana. Nosso amigo Xaulin foi o visionário que colocou Renato Russo, Marcelo Bonfá, Paraná e Paulista, juntos sob o holofote pela primeira vez, no festival Roque no Parque.

Com um promotor de eventos como o Xaulin e uma administração pública que apoia o desenvolvimento da cultura na região, a grandeza do rock em Patos estava só começando. Toda energia de inspiração, criatividade, emoção, poesia, música, arte, que foi movimentada desde a década de 80, ajudou a despertar a alma de uma geração de artistas que teriam, aqui em Patos, as raízes de sua carreira musical.

A emoção da música é contagiante. É por isso que passamos a amar os artistas que nos proporcionam o prazer de ouvi-las e de, a partir delas, criar as trilhas sonoras de cada fase das nossas vidas. Mas acredito que, no fundo, o que a gente ama mesmo nesses artistas não é só o que eles nos proporcionam, mas ao que eles nos inspiram.

Amamos a sua coragem: a coragem de dedicar a vida à sua arte. Sim! Porque muita gente tem talento, mas só os corajosos encaram a jornada de exercer a sua vocação, até mesmo quando as pessoas mais queridas não conseguem compreender sua paixão.

Enquanto alguns desistem do sonho por uma palavra de desencorajamento, outros, fazem das dificuldades um combustível para a superação. De onde será que vem essa força? Qual é a fonte da sua coragem? Aquela força que vem lá de dentro e nos levanta para encarar mais um dia...

Se chama propósito, essa força maior de onde vem a prontidão dessa gente boa, para a qual não tem tempo ruim.

A jornada não é fácil. Mas para quem faz o que ama, com dedicação e persistência, a atitude de realizar ajuda a encontrar, onde menos se espera, uma porta aberta, um milagre à espera, uma mão estendida.

É pela soma do talento, com a arte, a coragem, a fé, a persistência e o trabalho de todas as pessoas que fazem a cultura acontecer que, um dia, a recompensa finalmente bate à porta daqueles que estão ocupados, realizando o que sua alma os convida a fazer.

Assim, foi que o rock se consolidou no DNA de Patos e levou um pedacinho da nossa cidade para o resto do Brasil e alguns países da Europa e América do Norte, por meio do talento dos artistas que enriqueceram a nossa cultura com tais experiências.

Esse pessoal trabalha duro para deixar a Patos um legado de cultura e muita música. Felizmente, como disse Rubem Alves, um escritor famoso que é conterrâneo nosso, aqui de Minas: “eles têm uma enorme felicidade fazendo a sua coisa. O seu trabalho não é trabalho, é brinquedo. Trabalho que é brinquedo tem o nome de arte. A felicidade está no próprio fazer e não no que se possa ganhar de dinheiro fazendo.”

É com esse mesmo amor que trabalhamos agora. Desbravando a parte do caminho que nos cabe. Esse longo caminho que foi aberto por bandas como Black Dog, Blues Machine Society, Mankal de Atrito, Mamacadela, The Pirous, Whisky Paraguai, Hammerthrash e Ana-Hu; e que agora é o palco da Dino Patense, Zagaia, Pato Junkie e Fôlego.

Muitos outros nomes assinam o trabalho de construção do legado cultural de Patos de Minas: Vane Pimentel, Kitaaro, Rubinho Gabba, Pablo Dalla, Dell Luiz, Diego Murray, Murilo Fonseca; e, também, os queridos João de Deus, Léo Pinheiro e Kleverson Lima, que já não estão fisicamente entre nós, mas eternizados na memória de Patos por sua arte.

Uma cena rock protagonizada por inúmeros artistas que são, em sua maioria, como o Moisés, a respeito do qual - parafraseando Rubem Alves – podemos dizer que: “a guitarra nasceu dentro dele. Antes que ele a amasse, foi a guitarra que o amou. Não precisa fazer força. A guitarra toca por meio dos dedos dele.”

Dentro de alguns nasceu a guitarra, de outros, a bateria, o contrabaixo, o microfone, a poesia... O fato é que o rock nasceu dentro desses caras, e a carreira deles nasceu dentro dessa cidade. São esses os artistas quem vem protagonizando a improvável história de amor entre o Rock e Patos de Minas. Essa história que, peço desculpas, só posso te contar pela metade, pois ela não tem fim, só tem continuidade. Nós a escrevemos até aqui. Os próximos capítulos: estão nas mãos de vocês!

João Paulo II foi quem nos orientou: “Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística – de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator... -, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade.”

 

 

Helen Karen Gomes Rizzi

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